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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Viagem: Clima, Comida Típica, Natureza, Ar Serrano, Tudo Isso é de Cunha SP

Dicas para curtir um final de semana em Cunha (SP)

No interior paulista, a estância climática é a pedida ideal para curtir o clima e a comida típicos da serra
Artigo da Revista Viajar.
http://www.revistaviajar.com.br/
Por Cristiane Sinatura 05/07/2016
O Lavandário, em Cunha, reúne quase 15 mil pés de lavandas, destilaria e loja de produtos artesanais
Produtos regionais são o forte da Fazenda Aracatu, que vende doces, compotas, queijos, geleias, ovos e linguiças

Um campo cheinho de lavandas, arbustos fartos, abelhas zunindo, perfume exalando, serras preenchendo o horizonte e escondendo o mar. Poderia ser Provence, no sul da França. Mas não, eu não precisei ir tão longe para ver uma paisagem bonita assim. Precisei ir 232 quilômetros longe de São Paulo, para ser exata- até chegar à cidade de Cunha, na divisa com o Rio de Janeiro, a caminho de Paraty.
Lavandário tem sido, desde que inaugurou em 2013, a atração mais popular da estância climática, que, já há alguns anos, vale-se de sua posição serrana para atrair gente em busca de um friozinho no final de semana. A combinação de geografia e clima ajuda as lavandas a florescer o ano todo nos campos de Maria Fernanda Luís, que começou a plantação como um hobby. Hoje, são quase 15 mil pés, uma destilaria e uma linha de produtos cosméticos e culinários, à venda em uma charmosa casa em estilo provençal à beira dos campos. 
Cunha, é claro, vai além das lavandas. O clima de interior é quase palpável, o que quer dizer que sossego e descanso estão garantidos. Com pouco mais de 20 mil habitantes, ela é o tipo de cidade que funciona ao redor da praça da Igreja Matriz. Mas não é no centro que a vida acontece para os turistas. Os atrativos ficam espalhados, boa parte ao longo da estrada Cunha-Paraty, por isso estar de carro é essencial. Atividades na natureza, boa comida e tradições artesanais, como as cerâmicas e as joias, são alguns dos afazeres que podem preencher seu final de semana na serra.

O que fazer em Cunha

Cunha é bonita por natureza: o Parque Estadual da Serra do Mar e o Parque Nacional da Serra da Bocaina têm pedaços dentro dos limites da cidade. Por isso, cachoeiras e trilhas estão entre as atividades diurnas mais procuradas.
O Parque da Serra do Mar conta com três trajetos para percorrer a pé, sendo a do Rio Paraíbuna a única que dispensa acompanhamento de guia ao longo de 1,7 quilômetro. Os mais dispostos que topem encarar os quase oito quilômetros da trilha do Rio Bonito ou os 14 do circuito das cachoeiras têm o serviço de guia gratuito.
A 1.840 metros de altitude, a vista da Pedra da Macela, em Cunha, abrange a Baía de Ilha Grade, Angra dos Reis e Paraty
Outra trilha bem puxada leva à Pedra da Macela (foto), o pico mais alto da região, a 1.840 metros de altitude. Depois de deixar o carro em um estacionamento, é preciso andar dois quilômetros íngremes até o topo – caminhada que promete recompensar aqueles que a vencerem. Em dias de céu aberto, a vista é um desbunde: a Baía de Ilha Grande, Angra dos Reis e Paraty se revelam adiante.
Menos esforço das pernas demandam as cachoeiras do Pimenta e do Desterro – mas há que se preparar o carro para trajetos chatinhos. A primeira, acessível por uma estrada de terra de dez quilômetros, fica ao lado de uma antiga usina hidrelétrica, hoje Museu da Água. A cachoeira é formada por uma série de quedas, terminando em um poço bom para banho. Já a do Desterro surge depois de oito quilômetros de estrada sem pavimento – o mergulho é melhor deixar para quem sabe nadar. 

Cerâmica e joias em Cunha

A localização de Cunha a tornou um ponto estratégico na época do ouro, quando a Estrada Real ligava Paraty a Minas Gerais. Então um povoado, servia como parada dos bandeirantes e dos garimpeiros. Hoje Estância Climática, preserva vivas as tradições caipiras e indígenas.
cerâmica artística é uma delas – Cunha está entre os principais polos produtores da América Latina e conta até mesmo com Instituto Cultural da Cerâmica, que ensina gratuitamente o ofício às crianças da região. Para os turistas, a aula de três horas custa R$ 100, e também há roteiros guiados pelos ateliês – a opção de duas horas passa por cinco oficinas e custa R$ 50 por pessoa.
Os ateliês de cerâmica artística estão entre as atrações mais populares em Cunha

Mas também é possível visitar por contra própria. São cerca de 20 ateliês, onde o trabalho dos ceramistas pode ser acompanhado de perto e produtos de alta qualidade podem ser comprados, desde vasos até esculturas.
O ateliê Suenaga & Jardineiro trabalha com a técnica do forno Noborigama, típico do Japão, que atinge temperaturas de até 1.400 ºC. Realizada cerca de cinco vezes por ano, a abertura das fornadas, que revelam as peças moldadas em argilas regionais, é atração concorrida, em que os visitantes podem aprender mais sobre a produção e o acabamento. “O resultado das fornadas costuma gerar surpresas até mesmo para os artistas, pois nunca se sabe exatamente como ficará a cerâmica depois da queima”, explica a ceramista Kimiko Suenaga, que veio de Tóquio para Cunha em 1985.
Também a joalheria é uma atividade comum na região. Ricardo Pompílio foi um dos pioneiros na técnica de forja a frio, que incrusta pedras brasileiras em peças de prata somente na pressão, sem necessidade de solda ou cola. Sua loja/oficina expõe principalmente anéis de formatos criativos, que começam em R$ 200. Nas proximidades, Ilza Ferraz amplia o trabalho no ateliê Lápis Lazúli, onde brincos e pulseiras também têm vez. Há ainda joias feitas com a técnica japonesa Mokume-Gane, que mistura metais para obter desenhos diferentes.

Onde comer em Cunha 

Pinhão, cogumelos, cordeiro, truta. Isso é o que você pode esperar da comida típica da região. Cunha é uma exímia produtora desses itens, que protagonizam os cardápios dos restaurantes locais e festivais temáticos ao longo do ano. O restaurante Quebra Cangalha (foto), por exemplo, está na ativa há 20 anos. De bar/mercearia, passou a ser uma das casas mais refinadas da região, atraindo gente de outras cidades do Vale da Paraíba para o jantar. No cardápio, que preza pelas especialidades regionais e sazonais, tem filé de truta ao molho de laranja, leitoa à pururuca e pernil de cordeiro. Outros tipos de comida também têm seu espaço, como a italiana no Villa Favorita, de massas artesanais, e a caseira no Melhor Hora, ótimo para um almoço baratinho e saboroso.
Camarão com musseline de pinhão é destaque no menu especial do restaurante Quebra-Cangalha, em Cunha, durante o Festival do Pinhão
Quem curte cerveja encontra lugar na Wolkenburg, cervejaria onde é possível ver a produção e degustar quatro rótulos da casa. Mas se a ideia é levar para casa outras amostras de produtos locais, a Fazenda Aracatu é a pedida. A propriedade tem uma loja cheinha de doces, compotas, queijos, geleias, ovos, linguiças – tudo fresquinho, produzido pelos sitiantes da região. No fogão à lenha, fumega a panelona de pinhão e você pode escolher entre tomar um cafezinho ou um sorvete artesanal na varanda da casa. Isso sem falar na decoração, que é uma delícia para fãs do estilo vintage: rádios, geladeiras e máquinas de escrever antigos dão um toque todo especial (mas não estão à venda!).
Antiquidades, aliás, também podem ser encontradas na Usina Araucária, loja que é um charme só. Além de móveis em madeira fabricados ali mesmo, tem utensílios de cozinha e objetos decorativos a preços bem interessantes, tudo numa pegada meio retrô.

Onde dormir em Cunha 

Como destino de frio, é de se esperar que Cunha tenha um certo apelo romântico. Pousadinhas de charme oferecem toda a estrutura para receber casais, como a Barra do Bié, que tem apenas seis chalés no maior clima “love is in the air”, com lareira e cama king size, além de piscina climatizada na área comum. Na pousada Quinta da Serra, a vista é o grande trunfo – alguns chalés contam com banheiras de hidromassagem viradas para as montanhas, enquanto, na adega, os hóspedes podem se render à dupla fondue & vinho. Mas também há opções mais familiares, como a Vista Verde, que, inclusive, aceita cachorros de pequeno porte, além de oferecer playground e piscina. 
Jardim da pousada Quinta da Serra, em Cunha

Calendário de atrações 

Cunha tem programação o ano inteiro. Em julho, o Festival de Inverno Acordes da Serraocupa a Praça da Matriz com shows de rock, MPB, jazz e samba, enquanto a Festa do Divino Espírito Santo leva apresentações religiosas tradicioniais às ruas. Agosto é a vez do Festival Gastronômico do Cordeiro Serrano, com a participação de vários restaurantes. Em outubro, a cerâmica ganha seu próprio festival, com aberturas de fornadas, workshops e exposições nos ateliês. Já o pinhão é celebrado em abril e maio, com visitas a sítios de araucárias e cardápios temáticos nos restaurantes.
Fotos: Cristiane Sinatura e divulgação/Secretaria de Turismo de Cunha

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